sexta-feira, 12 de julho de 2013

PF encerra investigação sobre boato de suspensão do Bolsa Família e descarta crime





A PF (Polícia Federal) informou, por meio de nota oficial nesta sexta-feira (12), que concluiu a investigação sobre o boato da suspensão do pagamento do Bolsa Família, disseminado pelas redes sociais em maio deste ano. A PF afirmou que “o boato foi espontâneo” e, como não há provas, não houve qualquer prática criminal.  
Espalhada pela internet em maio deste ano, a história surpreendeu os beneficiários, que correram para as agências da Caixa Econômica Federal para sacar o benefício. Entre os dias 18 e 19 de maio, houve 900 mil saques e R$ 152 milhões saíram das contas do banco.  
A PF pediu à Caixa para identificar os primeiros beneficiários que sacaram o benefício, bem como padrão dos saques e onde ocorreram as operações. Após esse passo, a PF cruzou as informações e constatou aumento anormal no volume de saques nas cidades de Ipu (CE) e Cajazeiras (PB) já nas primeiras horas do sábado (18 de maio).


Para concluir a investigação, a PF identificou e entrevistou 180 beneficiários dos Estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. Também foram ouvidos 64 gerentes da Caixa Econômica Federal nas localidades onde ocorreu o maior volume de saques.
De acordo com as investigações da PF, com base nas entrevistas com os beneficiários, as razões que provocaram a corrida às agências bancárias foram: "a ciência da antecipação do pagamento por motivos diversos, a informação de um possível adicional em virtude do dia das mães e a notícia de um suposto cancelamento do programa, respectivamente".
A polícia chegou a considerar uma possível articulação na divulgação do cancelamento do programa. A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, sugeriu na época que o boato foi iniciado pela oposição. Segundo a ministra, "boatos sobre fim do  bolsa família deve ser da central de notícias da oposição. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política".
Redes sociais e telemarketing
A PF investigou ainda a "possível utilização de redes sociais para propagação dos boatos". A apuração apontou que houve uma postagem em uma rede social, pela filha de uma das beneficiárias, em Cajazeiras, no Ceará. O post informava, segundo a PF, "sobre o saque antecipado de sua mãe".
A mensagem configurou a primeira menção na internet a respeito do assunto, mas, de acordo com a PF, "a postagem desta informação não foi a origem dos boatos". A internet e as redes sociais só ajudaram a reproduzir e disseminar notícias veiculadas pela imprensa sobre os tumultos em agências bancárias, de acordo com a investigação.
Na época, ainda houve a publicação na imprensa de reportagens que o surgimento do boato estava em ligações telefônicas feitas por empresas de telemarketing. No entanto, segundo a PF, "não ficou configurada a utilização de rádios comunitárias, telemarketing ou empresa contratada para a disseminação da informação de cancelamento do programa". 
Na nota oficial, a PF diz que "o boato foi espontâneo não havendo como afirmar que apenas uma pessoa ou grupo tenha causado os boatos envolvendo o Programa Bolsa Família".
— Conclui-se, assim, pela inexistência de elementos que possam configurar crime ou contravenção penal.

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