sábado, 13 de julho de 2013

Mulheres cobram até R$ 100 mil para gerar bebê em mercado clandestino


Fantástico traz polêmica lançada pela novela "Amor à Vida": os personagens Niko e Eron querem realizar o sonho de ter um filho e estão dispostos a pagar a uma mulher para gerar o bebê.
Isso é proibido, só que na vida real tem gente cobrando alto pelo comércio clandestino de barrigas de aluguel.
Barriga de Aluguel: É uma ajuda para ambas as partes, no meu conceito. A gente estaria ajudando você, e você estaria ajudando a gente.
A ajuda tem um preço.
Barriga de Aluguel: Só que por R$ 50 mil eu não faria. Porque é um processo. Não é um dia, dois dias. São nove meses. Para mim, eu faria, compensaria se fosse por R$ 100 mil.Com R$ 100 mil eu compraria a casa que a gente procura. Para ter uma casa não tem mais barato.
A mulher é apenas uma das brasileiras que alimentam um mercado clandestino no país. O comércio de barrigas de aluguel. Anúncios na internet oferecem o serviço. Foi assim que entramos em contato com um casal.
A produtora do Fantástico se apresentou como uma mulher que não pode engravidar, para mostrar como acontece a negociação.
Já no primeiro encontro, em um shopping de São Paulo, discutem-se detalhes sobre o pagamento.
Barriga de Aluguel: Deu positivo a gravidez, então metade está aqui. Deu positivo. Agora o restante só quando for a entrega. Quando sair do hospital, vamos parar ali, ó, então, vamos se despedir, o momento de despedir. Foi bom te conhecer, se precisar outras vezes estaremos aqui.
No Brasil, o Conselho Federal de Medicina condena a prática de pagar por uma barriga de aluguel. Pela lei,  gesto só pode ser voluntário.
“ Não pode haver lucro, não pode haver nenhuma finalidade comercial. Nosso país não permite doação com lucro, com comércio’, afirma o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina.

Uma outra mulher, de Fortaleza, pede ainda mais dinheiro.
Barriga de Aluguel 2: E por ser um processo muito complexo, é lógico que eu só faria se fosse um bom dinheiro para me dar. Eu não faria por menos de R$ 120 mil.
A polêmica foi parar na novela das nove.
Em "Amor à Vida", o casal Eron e Niko, interpretados por Marcello Antony e Thiago Fragoso, está disposto a pagar para uma mulher gerar o filho deles.
“A gente vai fazer entrevistas com várias mulheres pra serem a mãe do nosso filho”, conta Marcelo Antony.
No Brasil, a barriga de aluguel tem que ser de alguém da família, parente de qualquer um dos cônjuges.
“Pode ir até o quarto grau. Ou seja, no primeiro grau, mãe; no segundo grau, irmã e avó; terceiro grau, a tia; e o quarto grau, a prima, explica  Carlos vital.
Em casos excepcionais, uma amiga pode gerar a criança, desde que o Conselho Regional de Medicina autorize.
Há situações em que a mulher tem condições físicas para gerar o bebê, mas não possui os óvulos, as células que dão início ao processo de reprodução.
E, para isso, também existe um mercado clandestino de óvulos. Encontramos uma das mulheres interessadas na negociação.

Vendedora de óvulos: Eu falei: vamos colocar no site que eu quero ser doadora do óvulo e vamos ver se alguém entra em contato. A gente esperou, e aí sobre esse assunto chegou só você.
Na conversa com a nossa equipe, em São Paulo, ela cobra alto pelos óvulos. 
Vendedora de óvulos: Eu tinha pensado em R$ 40 mil.
Assim como o comércio de barrigas de aluguel, também é proibido comprar e vender óvulos no Brasil. Outra irregularidade é que a doação tem de ser anônima: receptora e doadora não podem se conhecer.

Não há pena prevista na lei para a mulher e o casal que cometem essas irregularidades. Mas médicos podem perder o registro profissional se tiverem qualquer envolvimento no processo.
“O que tem são essas resoluções do Conselho Federal de Medicina e que não são leis, e que, se não são leis, não pode penalizar. Alguém para ser condenado tem que ter uma lei que diga o que é crime”, analisa a desembargadora Maria Berenice dias.
Em "Amor à Vida", Niko e Eron vão acabar desistindo de pagar uma mulher para ser barriga de aluguel.
E quem será a mãe?
O autor da novela antecipa: “A personagem Amarilis, que é amiga deles, que é a Danielle Winits, vai fazer, vai se propor a ser a barriga solidária. Mas aí nós temos o início de um triângulo amoroso porque ela vai se apaixonar por um dos possíveis pais”, diz Walcyr Carrasco.
E vai ficar ainda mais confuso! “Ela decide usar um óvulo dela e não usar o óvulo de outro mulher”, conta Danielle Winits .
Pela norma do Conselho Federal de Medicina, a mulher que cede o útero não pode usar os próprios óvulos.
“Quem tem a responsabilidade de recrutar esse óvulo, é a clínica aonde ela vai fazer o tratamento”, explica João Ricardo Auler, especialista medicina reprodutiva .
Ela sabe que tá fazendo uma coisa ilegal, destaca Walcyr Carrasco
Para outras duas mulheres, a barriga de alugeul não foi um negocio, mas um gesto de amor.
Era um sonho que parecia impossível pra essa família, mas há dois anos e meio se tornou realidade. A Jucimara, que não podia engravidar, virou mãe da pequena Helena. E foi a irmã dela, a Thaísa, quem emprestou a barriga para gerar o bebê.
“Um dia conversando com ela eu falei, vamos fazer? Você faria pra mim? Claro! Quando? Agora! Vamos fazer”, lembra a empresária Jucimara.
“Aceitei de prontidão e na hora que ela quisesse eu tava pronta”, diz a consultora jurídica Thaísa.
Jucimara acompanhou de perto o crescimento da filha na barriga da irmã, até a hora do parto.
"Eu fui a primeira pessoa que pegou ela. Naquele momento me senti mãe.Ela não doou só nove meses da vida dela, ela doou uma vida pra mim. É uma coisa que não tem preço, que não tem preço", comemora Jucimara.

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