terça-feira, 23 de novembro de 2010
Guido e mais 10
Deve ser, mal comparando, mais ou menos como convocar uma seleção: Dilma já tem, decerto, todos os nomes de seu Ministério na cabeça! Só não os anuncia de uma vez, como fazem os técnicos da CBF, porque o ritual de preparação de uma equipe de governo é diferente do futebol. Não há necessidade, por exemplo, de reunir o grupo antes para a tradicional pré-temporada em Teresópolis. A cobrança da torcida também é bem menor, até porque são raros os brasileiros capazes de escalar um time de sua preferência para a era Dilma. Se ela diz que o time, por enquanto, é o Guido e mais 10, tudo bem, duvido que o leitor esteja disposto a brigar por algum outro nome para a posição.
No futebol, todo mundo esperaria logo de cara pelo anúncio de um nome empolgante, virtude que, ressalvando o mérito de todas as demais, não se destaca na personalidade ou no currículo do ministro Mantega. Não é o craque que dispensa comentários, mas e dái?! Não existe similar de futebol-arte em política. Gilberto Gil foi, salvo engano, o último representante de um estilo próprio absolutamente superado em matéria gestão administrativa.
Houve um tempo em que, na confecção de um Ministério, se pensava em nomes como Fernanda Montenegro, Dráuzio Varela, Pelé, Zico, Cacá Diegues… O dream-team, hoje, é o seguinte: oito técnicos em suas respectivas áreas, mais três caras do PMDB. Nesse esquema, tem sempre vaga para um Geddel Vieira ou um Edison Lobão – até porque não há presidente que os aguente no banco pedindo um lugarzinho qualquer no time.
Tem ainda o caso do Palocci, que é titular absoluto, mas não se sabe ainda se atuará no gol, na ponta esquerda ou no meio-campo, à frente da zaga ou mais adiantado. Por essa nova lógica que se consagra na formação de governo, não demora muito chegará o dia em que o futebol não vai mais se prestar a metáforas políticas.
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