Quando viu a notícia envolvendo a atriz Angelina Jolie, que declarou
ter passado por uma dupla mastectomia preventiva em artigo publicado
nesta terça-feira (14) no jornal americano “The New York Times”, a
representante comercial Giovana Salvaterra, de Porto Alegre, percebeu
que poderia ajudar outras mulheres que sofrem ou têm chance de sofrer
com câncer de mama.
A doença tirou a vida de sua avó, das tias e da mãe, um histórico
familiar que motivou Giovana, de 32 anos, a retirar as duas mamas, no
ano passado. Uma decisão difícil, mas absolutamente necessária, segundo
ela. “Não queria que meu pai também visse a filha passando por isso”,
relata.
Poucas pessoas conheciam a história de Giovana até hoje. O receio de
contar, no entanto, não supera o medo que ela sentiu quando descobriu
que tinha 87% de chances de desenvolver câncer de mama. Apesar de ter a
mesma mutação genética que Jolie, ela explica que o gene atingido foi o
BRCA2. No caso da atriz, o gene atingido foi o BRCA1. Desde o
diagnóstico, em 2004, até a decisão de optar pela cirurgia foram oito
longos anos de incertezas e muita reflexão. “Fiz questão de procurar um
acompanhamento psicológico. Tive muita dificuldade de lidar com a
situação. Sou solteira, não tenho filhos e se eu realmente tomasse essa
decisão eu não poderia amamentar no futuro. Foi um tempo de bastante
reflexão”, conta.
"Hoje me sinto muito mais feliz por isso. Não me sinto menos mulher"
Giovana Salvaterra
Depois que decidiu pela prevenção, Giovana fez a retirada total de duas
mamas. A primeira cirurgia foi em janeiro de 2012. “Na ocasião, muitas
pessoas disseram que eu era uma mulher muito corajosa. É uma decisão
difícil, de fato. Mas eu presenciei o sofrimento de muitas pessoas
próximas, familiares, inclusive minha própria mãe. Foi isso que me
motivou. Optei por uma vida tranquila, sem problemas. Hoje, a
probabilidade de desenvolver a doença é menor do que em uma mulher
normal, sem histórico”, diz.
Em abril do ano passado, Giovana fez a reconstrução das mamas.
“Coloquei uma prótese anatômica. Ela fica atrás do músculo e é um pouco
diferente do silicone normal. A recomendação é para que se troque ela de
12 em 12 anos”, explica. “Hoje me sinto diferente, com mais vontade de
viver, amo muito mais a vida hoje. A sensação é de que retirei toneladas
de cima de mim”, revela.
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