Existe a ideia de que há certos padrões de comportamento que as pessoas
devem se encaixar. Por exemplo, todo homem deve se casar com uma mulher e
vice-versa. A partir de então, vão ter filhos, criá-los e ajudarem com
os netos. Talvez esta seja a imagem que se faz de uma família. Mas ela
andou mudando.
O divórcio foi aprovado e novas configurações familiares começaram a
surgir. Em alguns lares, o casal vem de uma experiência anterior de
casamento. Carregam seus filhos e a prole aumenta. Qual o parentesco
dessas crianças? Nenhum, mas é como se fossem irmãos. Às vezes, acabam
tendo um em comum, fruto da nova união.
Não parou por aí. Apareceu a produção independente, onde os filhos
têm apenas o pai ou a mãe. E há famílias em que eles têm dois pais ou
duas mães.
Contando assim, parece uma coisa natural. Porém, as mudanças na
família não foram tão simples. Os espaços foram sendo conquistados e
incorporados ao sistema social.
Por esses dias, aconteceu mais um avanço: o reconhecimento do
casamento entre pessoas do mesmo sexo através da obrigatoriedade dos
cartórios em realizá-los. Antes, eles podiam se negar a isso.
Será um avanço mesmo? Sim, apenas se oficializou aquilo que já existia
na prática. Ou alguém imagina que haverá menos casais homossexuais caso
seja considerado ilegal o casamento entre eles? Apenas ocuparão o lugar
que sempre lhes foi de direito, o de cidadão.
Muitos são contra a esta aprovação, como antes muitos foram contra o
divórcio: proclamam o fim da família. Como se o homossexual fosse alguém
doente e pervertido. Que fez uma escolha e, caso quisesse, poderia ser
diferente. Esta é uma ideia equivocada: assim como ninguém escolhe ser
heterossexual, ninguém escolhe ser homo.
O incômodo com a situação talvez resida na constatação de que o gay está
de acordo com o que sente ser, e não com o que imagina que deve ser.
Quantos de nós para tentar se encaixar em algum padrão, que não
necessariamente o sexual, vai contra sua natureza?
Não tem sido fácil ser homossexual e nem criar um filho nesta condição.
Por muito tempo ainda será difícil. Os pais têm que aprender a lidar com
um filho que não corresponde a um ideal de homem e mulher. Temem o
preconceito e o estigma que eles podem vir a enfrentar, assim como
possíveis agressões. Não raro, vemos notícias de agressões a gays por
grupos violentos.
Não dá para negar a realidade. Hoje, temos que criar os nossos filhos
com uma visão de diversidade – para que eles possam ser o que realmente
são, respeitando aqueles que são diferentes. É preciso prepará-los para
os novos (não tão novos) tempos.
Que ninguém imagine que isso fará dele ou dela gay, pois contrariando
o que muitos pensam, não é a convivência que determinará a orientação
sexual de uma pessoa. A maioria dos homossexuais foi criada dentro de
uma família com um pai e uma mãe nos moldes tradicionais.
E viva a diferença!
por Ana Cássia Maturano |
categoria Comportamento, Dicas para pais e filhos
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