terça-feira, 16 de agosto de 2011

Festa da Irmandade da Boa Morte estimula turismo étnico na Bahia


O ápice da Festa da Irmandade da Boa Morte, no município de Cachoeira, nesta segunda-feira (15), foi marcado pela visita do governador Jaques Wagner. Ele chegou a Cachoeira às 9h30, se reuniu com integrantes da Irmandade e assistiu à missa solene da Assunção de Nossa Senhora. Realizada desde 1820, neste ano, o caledário foi iniciado no sábado (13), e segue até quarta-feira (17).

De acordo com o secretário do Turismo, Domingos Leonelli, a Festa da Boa Morte é o principal ícone do programa de turismo étnico do governo estadual. "Até a nossa produção gráfica tem essa festa como referência. O cenário cultural, religioso e estético favorece muito a atração de visitantes para a Bahia".

Um exemplo disso é a turista francesa Martina Pucheu, que justificou a ida à festa por considerá-la autêntica. "Sabíamos que essa cidade tem um patrimônio histórico bem grande. Achei a cidade linda, a igreja, as casas e a Irmandade". Já a psicanalista Sílvia Pisitzer viajou do Rio de Janeiro até Cachoeira, onde está desde sexta-feira para acompanhar os festejos. "É um verdadeiro banho de cultura chegar aqui nessa cidade, onde muita coisa da história do Brasil se passou. Eu estou verdadeiramente encantada com a efervescência cultural, com a arte, a tradição, e com a culinária".

A Irmandade é composta por uma confraria de 23 mulheres, descendentes de escravos africanos e com mais de 50 anos de idade, unidas pela devoção a Nossa Senhora. De acordo com historiadores locais, a confraria surgiu quando um grupo de ex-escravas reuniu-se para conseguir a alforria de outros escravos de Cachoeira.

Segundo Joselita Sampaio, membro da Irmandade da Boa Morte, "a festa vem de uma hierarquia e dos nossos antepassados, trazendo grandes vibrações, muita energia para quem vem aqui acompanhar essa festa religiosa. A festa da Boa Morte é amor sincero de Maria em cada momento dos nossos dias".

Patrimônio Imaterial da Bahia

A Festa da Irmandade tem fortes traços sincréticos e recebe influências da religião católica e do candomblé, muito forte na região do Recôncavo Baiano. Durante as festividades, são realizadas missas na Capela de Nossa Senhora D’Ajuda e oferecidos carurus e cozidos, típicos pratos da cultura afro-brasileira.

A tradição dessa confraria foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Bahia, em junho do ano passado, passando a contar com o apoio do Governo do Estado para a realização da festa, que leva milhares de turistas à cidade de Cachoeira, durante o mês de agosto, em especial afro-americanos, que se interessam bastante pelos aspectos da cultura do povo negro. As informações são da Agecom.

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