Angelo Paz | Redação CORREIO
Algo inexplicável move o Vitória no Barradão. No santuário, torcedor vira boleiro e vice-versa. Só nele é possível encher o peito e puxar o grito “Solta o Leão, solta o Leão!”. No clima, o clube reabre o lar e decide vaga na Copa do Brasil.
Após três meses em reformas, as catracas do estádio giram pra dar passagem à dura batalha diante do Corinthians de Alagoas, às 21h. Hora da torcida incentivar. O Vitória precisa vencer por 2x0 para chegar à segunda fase. Isto graças ao amargo 3x1 para os alagoanos, no jogo de ida, em Maceió. O mesmo placar, agora a favor do Leão, vai resultar em emocionantes cobranças de pênalti. Vitória rubro-negra por 4x2 ou 5x3 não é suficiente, afinal os gols marcados na casa adversária são levados em conta no desempate.
A temporada de aluguel em Pituaçu se foi. Pra quem vive há anos o astral da Toca, fica até difícil traduzir em palavras o que o estádio representa num momento deste. “É difícil falar, viu. O clima, nossa casa, a torcida, a concentração ao lado. O cara entra diferente”, fala embaralhado Wallace, no 11° ano de clube.
Índios
O cabeleira estiloso Júnior está na ânsia de entrar de prima. Nos treinos da semana, teve contato com a renovada grama do Barradão. Jamais jogou à vera, mas tem história curiosa pra contar. “Vi o que é a torcida do Vitória, o calor enorme da arquibancada. Foi quando vim com o Treze, pelo Campeonato do Nordeste. Nem entrei e me impressionei”, lembra do empate por 2x2, no dia 16 de março de 2002.
Equilíbrio é arma, lembra o técnico Ricardo Silva. “Não pode atacar igual a índio. Nos filmes de bang-bang, os índios sempre morrem no final”, compara. O pensamento geral entre os rubro-negros é de sobrevivência. Quem passar pega o Náutico ou o Ivinhema- MS - na ida 1x1 e volta às 20h30, no Recife. Jogo dia 17.
Boas e más notícias
Novidade, problema e dúvidas. A boa notícia é o retorno de Egídio, fora desde lesão no púbis contraída após o primeiro Ba-Vi, dia 24 de janeiro. O lateral-esquerdo voltou esta semana aos treinos com bola e está sem ritmo. “É hora da superação. Um jogo importante como é, e estou me sentindo bem”, garantiu.
Mas tem notícia ruim. Vanderson sentiu dores na coxa direita durante o treino de pênalti e é dúvida. Iniciou tratamento médico pela manhã, fez exame à tarde e resultado sai nesta quarta-feira (10). “Por volta de 11 horas é que a gente vai saber”, explicou o médico Ivan Carilo. Caso Vanderson não jogue, entram Neto e Uelliton. A dupla jogou domingo, no 3x1 sobre o Camaçari.
Ataque
Júnior ou Schwenck? Adailton ou Berola? Os primeiros de cada interrogação levam vantagem. No último ensaio, Adailton na ponta- direita, Elkeson na esquerda, Ramon no meio e Júnior de centroavante.
Renato cheio de gás
O meia Renato é opção certa no banco de reservas rubro- negro. Caso entre no decorrer do jogo, será a estreia do meia que defendeu o Botafogo ano passado. E olha o discurso do cara: “Quero ajudar Ramon a pôr os atacantes na cara do gol”, falou, em entrevista coletiva.
Renato tem maneira de jogar semelhante à de Bida – ajuda a fechar a marcação no meio e tenta saída pro ataque. Por sinal, Bida segue afastado dos jogos, embora treine normalmente no Barradão. O meia está insatisfeito e quer sair do clube, após quatro anos. Mauro Galvão sinaliza com calma. “Não vamos desvalorizar nosso jogador. Tem que ser uma proposta interessante para o Vitória”. Além de Renato, outros 20 jogadores foram relacionados pelo técnico Ricardo Silva
Catanha, goleador na Espanha, vai começar no banco
Miro Palma
A experiência conquistada ao longo da carreira serve como motivação para continuar nos gramados. Aos 39 anos, o atacante Catanha ainda incomoda muita gente. No 3x1 sobre o Vitória, na ida, gol e uma assistência. O cara quer mais. “Entro sempre com muita alegria em campo. Se der, vou deixar mais um”, diz.
Foram 17 clubes na carreira, mas uma passagem ficou guardada na memória. Henrique Guedes Silva, nome de batismo, foi vice-artilheiro do Campeonato Espanhol com 24 gols na temporada 99/2000, atuando pelo Málaga. Desempenho que rendeu convocação para a Seleção Espanhola.
“Queria o Brasil, mas Luxemburgo disse que eu jogava em time pequeno. Depois ele foi mandado embora da Seleção”, brada ele, que vestiu a camisa da Fúria em três oportunidades, mas sem marcar gol.
Pernambucano, Catanha custou a se adaptar à Europa. A comida era dose. Enquanto esteve na Espanha e Portugal, o rango até era bala. Foi só dar um pulo na Rússia pro bicho pegar. “Pra achar uma carne era difícil. Prefiro meu feijãozinho com arroz mesmo”, conta ele, que passou sete meses no Krylya Sovetov, time onde conheceu o ex-rubro-negro Leílton.
Nos anos dedicados ao mundo do futebol, uma recordação daquelas. Catanha bateu uma bolinha com Ronaldo, quando o Fenômeno ainda iniciava sua carreira no juvenil do São Cristóvão, time do Rio de Janeiro. “Cheguei a jogar coletivos com ele! Ele já era fortinho e metia um monte de gol. Depois, eu fui pro CSA e ele, pro Cruzeiro”, relembra.
Catanha pensa em jogar mais uns quatro anos. Só pelo simples prazer de marcar gols e comemorar com a galera. Quando marca, bate os braços imitando um pássaro, gesto que lhe rendeu o apelido de “A Gaivota” nos tempos de Espanha
Nenhum comentário:
Postar um comentário