
A tecnologia é amiga do homem e do povo, desde o trem e antes do trem. Mas, como há males que vêm para bem, vale o contrário também. Deixando de lado as rimas bestas, quero falar a respeito daqueles aparelhos celulares que têm caixas de som acopladas e tocam MP3, rádio e tudo o mais. Quem não se lembra dos desenhos animados que advertiam sobre o perigo de a arma perfeita do herói cair em mãos erradas? Pois é, tais celulares-rádio vivem caindo em diversas mãos erradas e, assim, tornam-se armas de destruição em massa na nossa amada e querida cidade do Salvador. É um inferno! Quem ainda não foi incomodado pelos DJs ambulantes que infestam as ruas, os bares, a casa de mãe chica e, sobretudo, os ônibus soteropolitanos ergam as mãos e dêem glória a deus. Mas cuidado, não vai demorar muito para você também botar as mãos na cabeça (pra não perder o juízo) que vai começaaar... já sabe né?
Não é a toa que, em todas aquelas pesquisas feitas pelo Fantástico, Salvador sempre apareça como a campeã em falta de educação. Eis a pergunta que faço, sem encontrar resposta: foi sempre assim? Se a resposta é positiva, então os celulares-rádio só vieram para potencializar o inferno-interno que jazia no coração dos espíritos-de-porco locais. O fato é que não agüento mais. E sei que, feliz e infelizmente, não estou sozinho. Depois da campanha ‘EU PREFIRO REBOLATION’ estou pensando em lançar uma nova: ‘PELO AMOR DE DEUS USE UM FONE’. Para quem achava que tudo o que havia de ruim já acontecia dentro de um ônibus lotado, o repertório da miséria se revelou versátil e inesgotável com a chegada dos malditos aparelhos. Um dia desses peguei um buzu onde o próprio cobrador ouvia pagodes românticos (tipo Só Pra Contrariar) no último volume. Mas tem mais: o homem cantava junto. E olhem que até cantava bem, o danadinho. Mas na moral, ele que vá para o Ídolos. Será mesmo que terei que explicar que não se trata de tentar limitar a liberdade alheia, mas exatamente do oposto? Cito Paulo de Tarso, normatizador do cristianismo: “Falo como a criteriosos”. E pergunto: a SUCOM pode tomar uma providência? Não é só nos ônibus que eles atacam. Já fui vítima também de um casal em uma pizzaria. O celular era dele e tocava hits evangélicos, como aquele que parece ter sido feito para o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. A letra diz, precisamente, ‘entra na minha casa / entra na minha vida / mexe com minha estrutura (...)’. E, de fato, a música entrava na minha vida e mexia com a minha estrutura emocional. Apetite inferno abaixo, com pedaços de atum.
Os casos são inúmeros, mas vou contar só mais um para passar da fase dos exemplos. Vinha eu por uma rua meio escura, no bairro da Liberdade, quando deparei com um sujeito que emanava música. Sim, o som vinha de dentro dele como um incenso e eu só não julguei estar diante de uma criatura super evoluída porque a música era um desses lixos de hit parade. Onde será que ele enfiou o celular? Passado o susto, concluí que alguma coisa precisa ser feita para conscientizar a moçada de que o silêncio é um direito. Algo como uma lei-anti-fumo para sons. Nem acredito que logo eu, que tenho decretos por sinônimo de atraso, estou propondo coisa do tipo. Muita calma nessa hora, James. Antes de chegar ao absurdo de legislação, faço o apelo, camaradas, usem um fone. E outra ressalva, citei gêneros musicais nos exemplos que dei, mas não importam os gêneros musicais. Nem que fosse João Gilberto ou John Cage justificaria. Aqui na redação, para ainda dar mais um exemplo, o colega Rafael Albuquerque, com seu celular contrabandeado da China, incomoda todo mundo ouvindo Gilberto Gil sem headphone. E todos amamos Gilberto Gil. Se eu pudesse modificar algo na riquíssima tradição baiana, deixaria o ditado popular assim: ‘baiano mal educado nasce morto’.
Só como estatística: o topo do hit parade da grosseria está dividido entre pagodeiros e evangélicos. Estes últimos alegam que estão propagando a mensagem divina e que as reclamações contra os cultos ambulantes são, não só preconceitos, senão artimanhas do demônio. Mas é bom lembrar que o respeito ao próximo é um atributo dos homens de deus. Seja ele qual for. O caso dos celulares é igual ao dos porta-malas de carro (bons tempos em que celular era telefone e porta-malas para colocar bagagem), mas com a agravante de que os celulares são mais baratos, portáteis e, logo, muito mais numerosos. Se uma família tem, em média, um carro (quando tem), a mesma família tem um celular para cada um dos seus membros. Tirando eu, todo mundo tem celular e, desses, 99% tem som. Será que a prefeitura poderia fornecer fones (e cartilhas de como usá-los) para todo mundo? Senão por preocupação com a saúde mental da população decente, pelo menos para não fazer feio mais uma vez ante a audiência do Fantástico. Tô brabo!
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