Não seria, decerto, o caso de Paulo Maluf, auto-intitulado “a ficha mais limpa do Brasil”, mas é bem provável que já exista em Brasília um esquema de lavagem de ficha suja de políticos inelegíveis pelas novas regras eleitorais em vigor. Quem sabe até nos mesmos moldes das práticas para dissimular ou esconder a origem ilícita de dinheiro sujo, o certo é que a criatividade do brasileiro nesse tipo de negócio não deve desprezar a demanda e deixar na mão os milhares de pré-candidatos interessados em dar uma apagadinha em seus antecedentes.
Ainda bem que Maluf não precisa disso, até porque dificilmente a atividade de branqueamento de fichas se prestaria a condenados desse porte de projeção política. Não há lavanderia que faça desaparecer, como num passe de mágica, manchas com a repercussão dos escândalos protagonizados pelo ex-prefeito, seja na Paulipetro ou no caso de superfaturamento de frangos. Maluf está limpo, e pronto – não se fala mais nisso!
A notoriedade não é, entretanto, o forte de boa parte dos 4.922 gestores públicos impedidos, pelo menos a princípio, de disputar as eleições de outubro por mau uso do dinheiro da União. Gente que se sujou na merenda escolar, na coleta de lixo, na compra de uma ambulância, ou seja, nenhuma condenação que tenha chamado muito atenção do País. A maioria, aposto, você não sabe quem é, de onde vem, nem o que fez de errado para ter suas contas rejeitadas pelo TCU.
Para esses, imagina-se, a indústria da corrupção deve estar trabalhando duro em busca de um jeitinho de faturar em cima da lavagem de maus antecedentes. Outra alternativa para a turma que está na lista negra do TSE seria perguntar ao Maluf como é que ele faz para se manter tão limpo num país como o Brasil, mas ninguém tem cara-de-pau pra isso.
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