A curiosidade acerca dos mistérios que envolvem os ritos (internos e públicos), a religiosidade e a beleza plástica da Festa da Boa Morte farão a Rua 13 de Maio ser a mais procurada do município de Cachoeira nesta sexta-feira, 13, até a próxima terça, 17. É no imóvel que funciona a sede da irmandade onde o grupo composto por 23 mulheres negras se concentra desde o início do mês e, de lá parte para os eventos de rua que começam sexta.
A partir das 18 horas, um cortejo anuncia a morte de Maria levando a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte para a igreja do Convento do Carmo. Com traje branco, cor do luto para o povo-de-santo, composto por camisu, bata, saia longa, chinelos em couro branco (xagrim), lenço, pano-da-costa e fios de conta brancos ou transparentes elas passam pela igreja da matriz, Rua Ana Neri e Igreja D‘Ajuda empunhando velas.
Em seguida, às 19h, acontece a celebração da missa pelas almas das irmãs falecidas. A missa será na Igreja do Carmo devido à reforma na matriz. A Ceia Branca, caracterizada pela ausência do azeite-de-dendê e à base de peixes, arroz, feijão, saladas, pães e vinhos, além do velório encerram o primeiro dia.
Na noite seguinte, há o enterro simbólico de Nossa Senhora, antecedido por mais uma missa, onde as irmãs permanecem de cabeça baixa por boa parte da solenidade. Na procissão, embalada por marchas fúnebres, apenas as irmãs da Boa Morte conduzem o andor com a esquife que leva a imagem de Nossa Senhora.
“A imagem é conduzida pela comissão da festa e, ao retornar, pelas irmãs que vão assumir os postos para o ano seguinte”, explica o historiador Cacau Nascimento, autor do livro Candomblé e Irmandade da Boa Morte.
Nesta solenidade elas vestem o traje de gala conhecido como beca, que consiste em saia preta plissada, um tecido na altura do ventre, o camisu, o pano da costa em veludo preto e um bioco (lenço triangular sobre a cabeça deixando apenas o rosto visível).
O auge da festa religiosa é o domingo quando é comemorada a Assunção de Nossa Senhora (a subida de Maria em corpo e alma para o céu). A roupa ainda é de gala e a diferença é marcada pelos adereços como colares, brincos, pulseiras e anéis em ouro ou prata.
A noite é trocada pelo dia e a missa festiva começa às 9 horas, seguida de procissão. Após o retorno à sede há o almoço e a valsa. A troca de roupa, no início da tarde, anuncia o samba-de-roda e feijoada servida à população no Largo da Ajuda. Com samba e mesa farta, cerca de dois mil pratos, seguem os dois últimos dias a partir das 20 horas.
Na segunda, o público é servido com cozido e pipoca. Já na terça o cardápio é caruru e mungunzá.
Confira a programação completa
Sexta-feira, 13
18h - Cortejo anunciando a morte de Maria
19h - Missa pelas almas das irmãs falecidas
21h - Sentinela e Ceia Branca na sede da Irmandade
Sábado, 14
19h - Missa simbólica de Corpo Presente de Nossa Senhora da Boa Morte e procissão do enterro.
Domingo, 15
9h - Missa festiva da Assunção da Nossa Senhora da Glória seguida de procissão
12h - Almoço das irmãs e convidados, na sede da Irmandade.
14h - Samba de roda no Largo da Ajuda
Segunda-feira, 16
20h - Cozido - seguido de samba-de-roda no Largo d' Ajuda
Terça-feira, 17
20h - Caruru - seguido de samba de roda no Largo d'Ajuda
Informações Meire Oliveira
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