A decisão do senador César Borges (PR) em integrar a chapa majoritária do candidato do PMDB ao governo da Bahia, encabeçada pelo deputado federal Geddel Vieira Lima, representa uma atitude corajosa e inédita na política baiana.
Historicamente, dava-se ao contrário: o candidato a governador favorito é quem tinha maior poder de sedução e atraia para sua chapa o candidato ao Senado também com maior poder eleitoral. No momento, até por ser o único lançado até agora, Borges é quem se destaca.
Mas, essa não é uma regra geral infalível, com certeza absoluta de vitória, porque Wagner (PT) não ostentava essa posição na largada da campanha, em 2006, e o senador eleito foi João Durval (PDT), por coincidência um ex-governador com bases municipalistas, à semelhança de César.
À frente de Durval, naquela época, as pesquisas apontavam Antonio Imbassahy (PSDB) como favorito e o candidato “carlista” (Rodolfo Tourinho) representava uma incógnita. Vê-se, pois, que o senador César Borges ao tomar sua decisão levou em consideração o fortalecimento do seu partido (2012 e 2014 são logo ali) e calculou os riscos que correria no decorrer do processo eleitoral, a campanha propriamente dita, observando que o PMDB tem uma estrutura partidária forte e territorialmente abrangente no interior do Estado e na RMS, Geddel dispõe de marketing político eficiente e, por mais que as pesquisas agora o apontem com 8% a 10% das intenções de votos, esse número tende a crescer.
Ademais, César viu que o governador Wagner não se posicionou no cenário da política baiana como a “liderança política do estado”, tal como se apresentava ACM e em tempos mais remotos Luiz Viana Filho e Antonio Balbino. Há uma percepção de vácuo, que esse espaço ainda não foi ocupado, nem parece sê-lo por Wagner, daí que, esse é nosso entendimento, o senador optou por um “risco calculado” passando a ser protagonista do processo eleitoral de forma mais destacada.
Ou seja, será importante para Geddel o apoio de César (ao contrário do que aconteceu com Durval, em 2006, o qual, embora ex-governador popular estava esquecido e precisava mais do palanque de Wagner do que vice-versa) na medida em que o senador praticamente consolida sua candidatura ao governo e certamente dará um bom suporte para que ela deslanche e avance nas pesquisas no percentual com dois dígitos competitivos.
E, em contra-partida, terá todo destaque merecido na coligação do PMDB.
Voltando à história recente da política baiana, de 1986 pra cá, todo governador eleito fez os senadores: Waldir Pires (Ruy Bacelar e Jutahy Magalhães); ACM (Josaphat Marinho); Paulo Souto (ACM e Waldeck Ornelas); César Borges (Paulo Souto); Paulo Souto (César Borges); Jaques Wagner (João Durval). Se essa regra vai persistir em 2010 ninguém sabe.
Observando-se a máxima de que toda regra tem exceções, a atitude do senador, na outra margem do rio, abre espaços para maiores reflexões dos seus adversários, sem pressa, em novas variáveis no marketing e no embate político.
Além do que, mesmo em “riscos calculados” existem aqueles imprevisíveis.
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