domingo, 25 de abril de 2010

Cordel, poesia



O circo chegou
(Dalinha Catunda)

A cidade se alegrava,
Era grande a agitação.
Molecada se assanhava,
Cheia de satisfação.
Faziam um estardalhaço
Correndo atrás do palhaço
Começava a animação.

Era o circo que chegava,
Mudando toda rotina,
Do meu pequeno interior
Nas terras alencarinas.
Lembro cheia de saudades
Dos circos da minha cidade
Nos meus tempos de menina.

No finalzinho da tarde,
O Palhaço nas ruas saia,
Trepado em pernas de pau,
Não sei como não caía.
Atrás dele a criançada
Ia toda alvoroçada
E ao palhaço respondia:

“-Hoje tem espetáculo?
-Tem, sim senhor!
- Às sete horas da noite?
-Tem, sim senhor!
-Hoje tem marmelada?
-Tem, sim senhor
-As sete horas da noite?
-”Tem, sim senhor”

Assim de rua em rua
Girava pela cidade.
Trazendo ao interior,
Agitação e felicidade.
Reunindo a população,
Carente de animação
Carente de novidades.

O coro da meninada,
Chegava a ecoar
E o palhaço caprichava,
No seu jeito de cantar.
“-Eu vou ali e volto já,
- “Vou comer maracujá”
É tão gostoso lembrar!

Entre uma cantiga e outra
Ele perguntava com fé:
“-E o palhaço o que é?
-É ladrão de mulher!”
Eram tantas as alegrias
Que o povo feliz sorria.
De uma bobagem qualquer.

“-Olha a moça na Janela
-Olha a cara dela!”
Se repetia o palhaço
Em sua música singela
Buscando a simpatia
Das gentes que assistia,
Seu canto na passarela

_Quem gritar mais alto
Ingresso pro circo tem!
“-O que é que a velha tem?
-Carrapato no sedém!”
“-E arrocha negrada!”
E a molecada gritava
Fazendo graça também.

Não sei se minha saudade,
Também bate com a sua.
Não posso ver um palhaço
No circo ou mesmo na rua.
Que cantarolo baixinho
Com saudade e com carinho
O canto que se perpetua:

“O raio, o sol, suspende a lua
Olha o palhaço no meio da rua...!”

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