Um professor ruim pode impedir que uma criança atinja seu pleno potencial. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade Estadual da Flórida e publicado na edição desta semana da revista Science e que, segundo os autores, pode pôr fim ao debate sobre qual a influência predominante na educação, a qualidade do ensino ou a genética do aluno.
"Quando as crianças recebem uma instrução melhor, elas tendem a se desenvolver em sua trajetória ótima", disse a psicóloga Jeanette Taylor, principal autora do trabalho. "Quando a instrução é menos eficiente, o potencial não é otimizado e as diferenças genéticas não se manifestam".
A psicóloga e seus colegas analisaram os impactos do potencial genético e da qualidade do ensino a partir do desempenho de pares de gêmeos fraternos e univitelinos. Os univitelinos têm a mesma constituição genética e os fraternos, em média, partilham apenas metade dos genes.
Os pesquisadores analisaram 280 pares de gêmeos univitelinos e 526 de fraternos, no primeiro e segundo ano de escolas de diversos ambientes sociais.
Usando as notas dos testes de fluência oral dos gêmeos, que avalia a capacidade de leitura, estimaram quanto da variação na capacidade de leitura era causada por fatores genéticos. Em seguida, usaram a nota média dos demais estudantes da classe para fazer um índice da qualidade dos professores.
O resultado foi de que o potencial genético estimado dos estudantes só era atingido quando o índice de qualidade do professor também é alto.
"Quando a qualidade do professor é muito baixa, a variação genética é reprimida, enquanto que, quando a qualidade é muito alta, a variação genética floresce".
Os autores destacam que outros fatores, como colegas de classe e os recursos físicos da escola também podem influenciar o resultado, mas que ignorar o impacto da qualidade do professor em favor de outros fatores seria "uma oportunidade perdida".
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