quinta-feira, 22 de abril de 2010

Chicleteiro e líder do tráfico no Calabar é preso em Micareta


Ele já escapou da emboscada de traficantes rivais e de confrontos com a polícia, mas a irresistível paixão pela banda Chiclete com Banana colocou o líder do tráfico no Calabar, Averaldo Ferreira da Silva Filho, o Averaldinho, 21 anos, atrás das grades.Quando curtia o som da banda de axé no domingo, último dia da Micareta de Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador, o traficante foi pego no pulo durante abordagema foliões que estavam no circuito da festa.

Chicleteiro desde menino, Averaldinho não pensou que a ida para a festa seria seu passaporte para voltar à prisão. “Estava lá de boa quando teve uma confusão perto de mim e os policiais fizeram a batida. Quando o policial meteu a mão no meu bolso, pegou minha identidade e puxou no sistema que eu tinha um mandado. Fui ver o Chiclete e dancei”, disse o traficante, que foi ouvido terça-feira à noite na Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), em Salvador. Ele negou ter ido a Feira para aumentar a rede do tráfico.

Sua identificação na micareta só foi possível através de um equipamento de smart phone, usado pela polícia, que confirmou ali mesmo, perto do trio, que havia um mandado de prisão expedido pela 1ª Vara de Tóxicos de Salvador contra ele, resultado de inquérito instaurado na 14ª Delegacia de Polícia (DP), na Barra, onde está preso.

BLOCO
Para o delegado Nilton Tormes, titular da unidade, Averaldinho “mandou executar rivais para se manter como a principal liderança do tráfico no bairro, além de ameaçar moradores.” Averaldinho, que já fez parte do bloco do traficante Genilson Lino da Silva, o Perna, hoje no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, diz que há oito meses, depois de cumprir um ano de detenção no Complexo Penitenciário da Mata Escura, tenta dar a voz sozinho no Calabar. “Saí da cadeia fraco. Não consigo me reestruturar. Tá difícil conseguir as coisas”, disse o traficante, referindo-se a armas e drogas.

Mas, além de reconhecer atividades no tráfico, diz que ajuda o pai numa academia de boxe. O apoio de Perna, que facilitou sua ascensão ao posto de líder do tráfico na área, segundo Alveraldinho, não é mais garantia de bons rendimentos. “Perna não vale mais nada. Não manda em nada. Perdeu o espaço aqui quando foi transferido”, destacou ele, que completa 22 anos na próxima segunda-feira.

CALABAR
Mas se a paixão pelo Chiclete não tem concorrência, na atividade profissional de Averaldinho a coisa é diferente. Na disputa pelo controle do tráfico de drogas na região, os acordes chicleteiros dão lugar aos estampidos das armas. De acordo com o diretor do Departamento de Narcóticos (Denarc), delegado Cleandro Pimenta, Averaldinho lidera o tráfico de drogas no Calabar e em parte da avenida Vasco da Gama.

“Ele usa principalmente da violência para tentar conseguir o controle do comércio de drogas no Calabar até o Alto das Pombas, onde rivaliza com o traficante Léo Floquet”. Pimenta destaca que a prisão do traficante tira de circulação um perigoso articulador do comércio de entorpecentes nacapital que, além do inquérito por tráfico e homicídios na 14ªDP, ainda tem uma condenação de nove anos de reclusão por tráfico na 2ª Vara de Tóxicos e Entorpecentes de Salvador.

FORÇA
Menosprezando seu poder de fogo, Averaldinho diz que não temcomo resistir às investidas de Floquet, que faz parte do grupo do traficante César Dantas de Resende, o César Lobão, um dos dez criminosos mais procurados pela polícia baiana. “Não tem como encarar. Estou fraco. Eles têm muitos homens. Quando chegam por lá, é mais de 40, uns 50 de vez. Eles picam-lhe bala mesmo. Balearam meu pai e até minha tia que não mexem com nada”.

A disputa com Floquet, que chegou a ficar preso, mas foi posto em liberdade pela Justiça, segundo Averaldinho, continua porque seu rival tem conseguido se equipar de armamentos. “Depois que saiu da cadeia, ele continua na parte alta do Calabar. Foi baleadohátrêssemanaspelapolícia, masa Justiça soltou. Esta semana ele recebeu dois fuzis. O cara só vive querendo me matar e eu fico na defensiva”, defendeu-se.

Iniciativa da comunidade muda fama do Calabar
Apesar da fama de área dominada pelo tráfico de drogas, iniciativas de desenvolvimento comunitário pela educação mobilizam os moradores. A Associação Beneficente e Recreativa do Calabar (ABRC), por exemplo, mantém uma biblioteca pública que faz aproximadamente 40 empréstimos de livros por dia.

“Há problema em algumas ruas do Cabalar, mas como a biblioteca está na rua principal, não temnenhum empecilho. Pessoas de todas as partes do bairro e do Alto das Pombas pegamlivros emprestados conosco”, conta o coordenador da Biblioteca Comunitária do Calabar, Rodrigo Rocha. O destaque, segundo ele, é para o perfil do público que frequenta a biblioteca.

“A maioria das pessoas que fazemuso da biblioteca é de crianças e adolescentes. Além de pegar os livros por empréstimo, elas participam das atividades de incentivo à leitura que acontecem semanalmente na sede da bibioteca”, conta, orgulhoso, Rocha. No bairro, existem outras iniciativas para valorizar e dar autoestima à população do Calabar, a exemplo de aulas de língua inglesa e de cursos de iniciação à informática.

Juventude ligada ao crime
Seis anos dedicados ao crime. Averaldinho passou de acompanhante de traficante a líder do comércio de entorpecentes no Calabar. Questionado como entrou na vida do crime, o rapaz de 21 anos não lembra com facilidade. Com esforço na memória, recorda seus 16 anos, quando iniciou sua trajetória. “Comecei a circular pelo Calabar com o traficante conhecido como Baixinho. Quando ele morreu, eu tinha uns 18 e assumi o controle”.

Isso aconteceu junto com a chegada da maioridade. Para financiar o comércio de drogas, “pegava dinheiro no centro da cidade”. De que forma? Prefere não falar. Quando o assunto é a mão de obra que usa para se manter no tráfico, Averaldinho desconversa. “Só entra quem quer”.

A paixão pelo filho, de 2 anos e oito meses, está marcada por uma equivocada tatuagem no braço direito. “Meu filho é Cauê, mas o cara que fez a tatuagem escreveu Cauâ. Ele é minha maior preocupação nessa hora que estou preso. Tá acostumado comigo. Mora na casa da mãe, mas vive lá em casa”, conta.

Ao falar das ameaças de morte, revela, nas entrelinhas, que há um forte esquema montado para sua proteção na maior parte do tempo. “O pessoal do Floquet não consegue me pegar, porque antes de chegar até mim, tem mais gente. Mas até um tio meu, que é PM, teve que sair de lá porque estava correndo risco”.

O problema, segundo Averaldinho, é que Floquet é subsidiado por Lobão, que também desejaria sua morte. “Não sei onde Lobão está e se soubesse ia me defender. Ele quer me matar para tomar a boca do Calabar”, destacou o jovem traficante. Apesar das acusações de homicídio por parte da polícia como instrumento para controlar o comércio na área, Averaldinho não assume nenhuma morte.


Fonte: Correio

Um comentário:

  1. NO CALABAR TEM DOIS LADOS ,O LADO BOM E O LADO RUIM.OS FLOQUET NAO CONSIDERA NINGUEM.O OUTRO LADO É DO AVERALDO.PEÇO A deus QUE ESSE GAROTO SAIA DESSA VIDA.POIS A DROGA E UM LABIRINTO ONDE O DIFICIL NAO É A SAIDA E SIM A ENTRADA

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