sábado, 26 de fevereiro de 2011

Educadores lamentam escolha de Tiririca para comissão na Câmara


Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva - o Tiririca - foi indicado, nesta sexta-feira, titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara.

A notícia espalhou surpresa e desconsolo entre educadores."É um retrato da sociedade que temos", reagiu o professor Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação. "Acho lamentável", acrescenta a titular de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Márcia Malavasi. "Não por ele, mas porque há tantas outras pessoas com carreira, seriedade e currículo para essa missão.

Tiririca vai discutir e votar políticas educacionais depois de chegar ao Congresso envolvido numa aura de analfabetismo. Eleito com mais de 1,3 milhão de votos - a segunda maior votação da história da Câmara -, só conseguiu tomar posse depois de provar, perante um juiz eleitoral, que sabia ler e escrever. O argumento do juiz Aloisio Silveira, que o aprovou no TRE paulista, foi que "a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais". O educador Mozart Ramos fez uma comparação: "Imagino se, na hora de formar uma seleção brasileira de futebol, houvesse vagas e cotas para os clubes, como para os partidos". O mais grave, observou, é que este é um ano importante para as causas educacionais. "Temos um Plano Nacional de Educação a ser definido. Com ele, a Lei de Responsabilidade Educacional. A reforma do ensino superior, a questão das cotas." Uma agenda "em grande parte técnica, que exige gente de preparo no setor".

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