segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Irã lança macaco ao espaço e exibe progresso de mísseis

O Irã afirmou nesta segunda-feira que havia lançado um macaco vivo ao espaço, procurando exibir um sistema de mísseis que alarmou o Ocidente porque a tecnologia poderia ser usada para lançar uma ogiva nuclear.
O Ministério da Defesa anunciou o lançamento enquanto as potências mundiais tentavam chegar a um acordo com o Irã sobre a data e o local para a retomada de negociações a fim de resolver um impasse com o Ocidente sobre o polêmico programa nuclear de Teerã antes que ele degenere em uma nova guerra no Oriente Médio.
Os esforços para fechar um novo encontro fracassaram repetidamente e as potências temem que o Irã esteja explorando o vácuo diplomático para aprimorar os meios de produzir armas nucleares.
A República Islâmica nega que esteja buscando a capacidade de fabricar armas e diz que quer apenas energia de seu enriquecimento de urânio para que possa exportar mais de sua considerável renda de petróleo.
As potências propuseram novas negociações em fevereiro, disse um porta-voz da chefe de política externa da União Europeia nesta segunda-feira, horas depois que a Rússia instou todos os interessados a "parar de se comportar como crianças" e se comprometer com uma reunião.
Mais cedo no mesmo dia, o Irã negou relatos da mídia de uma grande explosão em uma de suas mais secretas usinas de enriquecimento subterrâneo, descrevendo-os como propaganda ocidental para influenciar as negociações nucleares.
O Ministério da Defesa disse que o lançamento do macaco ao espaço coincidiu com "os dias do" aniversário do profeta Maomé, que foram na semana passada, mas não revelou uma data, segundo um comunicado transmitido pela agência oficial de notícias IRNA.
O lançamento foi "outro passo gigantesco" na tecnologia espacial e pesquisa biológica "que é o monopólio de alguns poucos países", dizia o comunicado.
O pequeno macaco cinza foi mostrado amarrado a um assento acolchoado e levado até o foguete Kavoshgar, apelidado de "Pishgam" (Pioneiro), que segundo a mídia estatal alcançou uma altura de mais de 120 quilômetros.
"Essa expedição retornou com segurança para a Terra com a velocidade esperada, junto com o organismo vivo", disse o ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, à agência de notícias semioficial Fars.
"O lançamento do Kavoshgar e sua recuperação é o primeiro passo em direção a enviar humanos para o espaço na próxima fase."
Não houve uma confirmação independente do lançamento.
FEITO SIGNIFICANTE
O Ocidente teme que a tecnologia balística de longo alcance usada para propulsar satélites iranianos até a órbita possa ser usada para despachar ogivas nucleares até um alvo.
Bruno Gruselle, da Fundação para a Pesquisa Estratégica da França, disse que se o relato do lançamento do macaco era verdadeiro, sugeriria uma façanha de engenharia "bastante significativa" do Irã.
"Se você consegue mostrar que é capaz de proteger um veículo desse tipo do regresso, então você provavelmente pode proteger uma ogiva militar e fazê-la sobreviver às altas temperaturas e à alta pressão da reentrada", disse Gruselle.
O lançamento do macaco seria similar a enviar um satélite pesando cerca de 2.000 quilos, ele disse. O sucesso sugere a capacidade de enviar um míssil terra-terra com um alcance de alguns milhares de quilômetros.
Michael Elleman, um especialista em mísseis do think-tank Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, disse que o Irã não havia demonstrado "nenhuma capacidade militar ou estratégica" com o lançamento.
"Apesar disso, o Irã tem um ambicioso programa de exploração espacial que inclui a meta de colocar um ser humano no espaço nos próximos cinco anos, e uma cápsula orbital com um humano até o fim da década", disse Elleman. "O feito de hoje é um passo em direção a essa meta, apesar de ser um passo pequeno."
A República Islâmica anunciou planos em 2011 de enviar um macaco para o espaço, mas aquela tentativa teria fracassado.
A capacidade de armas nucleares exige três componentes --material físsil suficiente como urânio altamente enriquecido, um dispositivo de armas confiável miniaturizado que se adeque a um cone de míssil, e um sistema de entrega eficaz, como um míssil balístico que pode se originar a partir de um programa de lançamento espacial.
Os esforços do Irã para desenvolver e testar mísseis balísticos e obter a capacidade de lançamento espacial contribuíram para os pedidos israelenses para ataques preventivos contra instalações nucleares iranianas e bilhões de dólares de gastos em defesa de mísseis balísticos norte-americanos.
(Reportagem adicional de William Maclean e Marcus George, em Dubai; de Justyna Pawlak, em Bruxelas; e de Fredrik Dahl, em Viena)

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