segunda-feira, 12 de março de 2012

Senado suspende projeto que pune salário menor à mulher

Governo recua e nove parlamentares garantem suspensão de texto polêmico. Dilma chegou a dizer a interlocutores que sancionaria projeto; empresa teria multa se provada discriminação. Pressionado por empresários, o governo recuou da decisão de sancionar o projeto que equipara os salários de homens e mulheres que ocupam as mesmas funções em uma empresa. O projeto foi aprovado pelo Senado nesta semana, mas, como não passou pelo plenário, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) apresentou recurso para que o texto seja rediscutido pelos parlamentares. Na prática, a aprovação do projeto foi suspensa pelo líder governista -o que o torna sem nenhum efeito. Pelo regimento interno do Senado, quando um projeto é aprovado em caráter terminativo por uma comissão, ele não precisa passar pelo plenário, a não ser que haja recurso assinado por pelo menos oito senadores. Nove parlamentares apoiaram o recurso do líder do governo e apresentaram emendas ao texto, o que obriga a sua rediscussão. "Nós queremos amarrar melhor, têm algumas partes que não estão claras, especialmente com relação à legislação trabalhista, o que pode gerar demandas judiciais", disse Jucá. MULTA DE CINCO VEZES A presidente Dilma Rousseff chegou a anunciar a interlocutores que sancionaria o projeto na terça-feira, quando deve ir ao Congresso participar de comemoração pelo Dia Internacional da Mulher. Mas voltou atrás ao ser informada de que o texto poderia sofrer questionamentos judiciais por empresários. Com o recurso, o projeto retornará à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Relator do texto, o senador Paulo Paim (PT-RS) havia acelerado sua tramitação para tentar sancioná-lo na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. O projeto estabelece multa à empresa de cinco vezes a diferença entre as remunerações durante o período de contratação da funcionária que receber menos que o homem. A funcionária precisaria provar igualdade de função com o colega melhor remunerado. O pagamento deve ser feito diretamente à empregada, mas o projeto não detalha critérios para a compensação, o que teria de ser feito por meio de lei complementar. O governo entendeu que, sem o detalhamento, o texto poderia ser facilmente questionado na Justiça, provocando uma enxurrada de ações.

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