quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A TRAGÉDIA ANUNCIADA

Contam os antigos que jovens políticos conquistenses pregavam total rompimento com o governo do Estado, no início dos anos setenta, século XX. Jovens, imaturos, idealistas alguns, outros nem tanto, confundiam adversário político com inimigo político.Eram, esses jovens, tão radicais que demonizaram o adversário político e pouco faltou para exorcizá-los.

Segundo outros, a esse período de nossa política denominou-se impropriamente de “Conquista, trincheira da democracia” e que tudo não teria passado de mera retórica, torneios de verborragia pseudo-política, e xingamentos que transformavam oradores em superhomens aos olhos do povo. Mas idéias mesmo, idéias formadoras de uma nova mentalidade política, estas não eram discutidas nos comícios ou fora deles.

Assim foi, e assim é até os dias de hoje, asseguram os defensores deste pensamento. Citam, como exemplo a confirmar esta assertiva, o fato de candidatos ligados ao carlismo terem sido sempre bem votados aqui.

Fato é que aquela pregação juvenil impondo o afastamento do governo estadual vingou e transformou Conquista em uma ilha. Isolou-a. Bem que experientes militantes políticos alertaram não ser este o melhor caminho para Conquista, chegando alguns a afirmarem que “caminhar juntos não significa aderir às idéias do parceiro”. Sem dúvida, tese inconciliável com os procedimentos impostos pela ditadura militar.

Isolada, Conquista teve de contar com suas próprias forças, e não fora o seu potencial econômico e visão de sua classe empresarial, aliados à ousadia dos prefeitos pós 1970, que enfrentaram desafios com recursos municipais próprios, continuaría a ser a mesma cidadezinha de outrora. Nesse ínterim, tivemos a implantação da cafeicultura e UESB, esta por iniciativa de alguns senhores maçons, e aquela graças aos esforços de Jadiel Matos, José Oliveira Lima, Ubirajara Andrade Fernandes, entre outros. Graças à cafeicultura e à UESB, Conquista deslanchou.

Nossa cidade cresceu, deixou de ser aquela acanhada província dos anos 60, no século passado, com seus pouco mais de quarenta mil habitantes, para se tornar este portento, cuja população sobrepuja os trezentos mil moradores e exige, agora, novos investimentos, novos meios de produção, com vistas à geração de empregos. Sim, porque já se faz imprescindível o fomento de outros segmentos de nossa economia (indústria,agricultura, pecuária,mineração,e outros), pois que se avoluma o número de jovens ociosos em nossa cidade, mormente na periferia. E nesta abunda o número de jovens que sequer concluíram o primeiro grau, fato absolutamente inaceitável, se considerarmos que escolas há em todos os bairros. Mas compreensível, se tivermos em mira a falta de condições financeiras dos pais para manter seus filhos nas escolas, o que ocorre em muitos casos.

Mas como disse ao início desta, um grupo de jovens, pregou e conseguiu apartar Conquista do governo estadual nos anos 70. e com isso nosso município teve de arcar isoladamente com o enfrentamento de seus problemas. É óbvio que aquela não era a melhor política a adotar, haja vista o interesse superior da população, mas compreensível tendo em vista que apoiar o arbítrio era de todo inaceitável. Vivíamos outros tempos.

Hoje, porém, nosso prefeito furta-se ao diálogo com o governo estadual por razões inteiramente pessoais, segundo voz geral, fato este que isola novamente nosso município. A “Conquista-Ilha” do passado não pode se repetir agora, vez que estamos em processo de célere crescimento e este exige investimento em novas áreas de produção, para atender à demanda crescente de novos serviços, infra-estrutura, geração de empregos e crescimento demográfico. Certamente ninguém ignora que nossa cidade atrai contingentes populacionais de várias partes do país.

Ou o diálogo já com o governo do Estado, ou a tragédia anunciada. Não há terceira opção.

Fonte: Jose Valente

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