Vejo nos jornais e demais meios de comunicação que o Conselho de Ética do Senado absolveu sumariamente ontem (19) o presidente da Casa de seis das denúncias que lhe eram imputadas. Denúncias de malversação do dinheiro público, favorecimento por critérios de ordem pessoal, ligações perigosas e otras cositas faziam parte do pacote mandado para o limbo por Suas Excelências. Não foram encontradas evidências de que o velho Sarney tenha feito o que alguns de seus pares juram de pés juntos que ele fez.
A propósito desse melancólico desfecho, lembro de um tempo – não muito distante, aliás – em que as regras eram bem claras: um parlamentar podia fazer, no exercício do mandato, coisas do arco da velha. Roubar, matar, estuprar, prevaricar, traficar drogas, tudo isso era passível de contemporização. Mas, ai dele, se fosse apanhado numa mentira! Delinquir até que podia, mas mentir era um pecado, como pôde experimentar o ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF), cassado em junho de 2000, por negar seu envolvimento com acusados de uma cabeluda negociata trazida à luz durante as investigações da CPI do Judiciário… mas isso é uma outra história.
O que queria mesmo lembrar é que hoje, além de fazer tudo o que não se deve fazer, um parlamentar também já pode mentir. Os tempos mudaram ou mudou-se o conceito de ética?
Fonte: Jaciara Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário