Celso Bejarano
Direto de Campo Grande
A prisão de dois homens que seriam pistoleiros de aluguel, ocorrida 60 dias atrás em Bandeirantes, uma cidade distante 100 km de Campo Grande (MS), revelou que um gerente de banco aposentado, de 60 anos, teria planejado matar o filho, um vidraceiro que virou pecuarista após receber um prêmio da Mega-Sena.
O caso investigado aconteceu em Mato Grosso, onde moram o pai e o filho, e em Mato Grosso do Sul, território marcado para o crime acontecer. A soma de R$ 12 milhões em dinheiro e o domínio de bens teriam motivado a briga familiar.
Pelo apurado até agora pelo Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros (Garras), da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, dois homens foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por porte de arma. No carro da dupla, os policiais acharam uma porção de fotografias de um homem e de uma mulher. Os presos seguiam de Mato Grosso do Sul para o Estado de Goiás, onde moram.
Na investigação, os policiais descobriram que a mulher da fotografia, que mora em Campo Grande (MS), era a noiva do pecuarista de 40 anos, que reside em Cuiabá (MT). Após a prisão dos supostos pistoleiros, o Garras quebrou o sigilo telefônico da dupla e passou a monitorar as ligações do telefone do aposentado que, até ontem, quando foi preso, ocupava a chefia da Superintendência da Federação das Indústrias de Mato Grosso.
Por meio das ligações e depoimentos dos dois detidos pela PRF, a polícia descobriu a trama e a Justiça de MS determinou a prisão preventiva do aposentado e do filho caçula dele por suposta participação no esquema. Os dois negam o plano. A polícia não divulgou o teor das conversas captadas.
Os policiais disseram que a dupla havia planejado matar o pecuarista num final de semana, em Campo Grande (MS). Os supostos pistoleiros se hospedaram num hotel perto da casa da noiva do pecuarista. Era costume do casal se ver todo fim de semana. Naquela data, há cerca de dois meses, o pecuarista não foi ao encontro. Os investigadores acreditam que, por conta do plano frustrado, os pistoleiros retornariam para Goiás, onde moram, mas poderiam voltar à cidade na semana seguinte.
O advogado Ricardo Monteiro, que defende o ganhador da Mega disse ao Terra, que pai e filho brigam na Justiça pelo domínio do prêmio há pelo menos três anos. Ele afirmou que seu cliente recebeu R$ 28 milhões em 2006 ao acertar os números sorteados na loteria da Caixa e que depositou o dinheiro na conta do pai.
"Um ano depois, ele entendeu que o prêmio não estava sendo bem administrado e pediu o dinheiro de volta ao pai, que não concordou com isso", disse o advogado. O caso foi parar na Justiça e atualmente ao menos R$ 12 milhões, depositados na conta do pai, estão bloqueados. Os bens do aposentado, entre eles fazendas comprados com dinheiro do prêmio, também foram bloqueados, segundo o advogado. O mérito da questão ainda não foi definido.
O filho, que antes do prêmio administrava uma vidraçaria em Cuiabá (MT), é hoje, segundo o advogado, um dos mais importantes pecuaristas da região, dedicado à reprodução de bovinos.
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