Juntar R$ 1 milhão. O que para muitos é um sonho distante pode se tornar um plano efetivo para quem tiver disciplina, algum capital para investir e desejo por risco. Com pouco mais de meio salário mínimo por mês, é possível atingir a quantia aplicando o dinheiro em ações de grandes empresas pelo período de 40 anos.
Essa conta é feita considerando que é preciso reajustar os depósitos mensais pela inflação. A cada mês, deve-se aumentar um pouco o montante a ser investido de acordo com a inflação do mês anterior. Dessa forma, ao final do período, o investidor terá o equivalente ao que hoje representa R$ 1 milhão (atualizado conforme o custo de vida até daqui a 40 anos).
A pedido do UOL, o especialista em finanças pessoais Marcos Silvestre, autor dos livros "12 meses para enriquecer: o plano da virada" e "Investimentos à prova de crise" elaborou planos de investimento para quem quer alcançar essa meta. Os cálculos mostram que um jovem de 20 anos pode atingir o valor aos 60 anos aplicando R$ 360 por mês numa carteira de ações.
Mesmo quem não tem coragem de se arriscar no mercado de ações, porém, pode realizar o sonho do milhão. Para isso, claro, será necessário um investimento mais alto. A meta pode ser alcançada aplicando-se, por exemplo, R$ 1.243 por mês em títulos públicos do governo por meio do Tesouro Direto, ou R$ 1.624 por mês na caderneta de poupança.
Quanto mais tarde se fizer planejamento, maior o esforço
Quanto mais tarde se fizer esse planejamento, no entanto, mais o esforço mensal precisará ser aumentado. Quem começar a fazer aplicações na poupança aos 30 anos só conseguirá atingir a meta do milhão aos 60 aplicando uma quantia mensal de R$ 2.309. Para quem começar a pensar no assunto aos 50, será necessário depositar R$ 7.847 na caderneta por mês.
"A marca do R$ 1 milhão é um desafio simbólico porque esta é uma soma que a maior parte das pessoas jamais possuirá como reserva financeira", diz Marcos Silvestre.
Seus cálculos mostram, porém, que se a ideia for fazer uma espécie de aposentadoria, aí a meta deverá ser mais ambiciosa. Se, ao atingir R$ 1 milhão em investimentos aos 60 anos, a pessoa decidir viver somente da renda deixando o valor aplicado no Tesouro Direto, obterá um valor mensal de R$ 2.000.
"É um valor claramente insuficiente para garantir um padrão de classe média confortável na condição de aposentado", diz Silvestre. Segundo seus cálculos, apenas uma reserva financeira líquida entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões poderia garantir uma renda "confortável".
'Liquidez da poupança é risco para aposentado', diz economista
Ainda pensando na aposentadoria, Silvestre considera que é melhor investir em planos de previdência do que em aplicações com grande liquidez, como a poupança (que permite o saque dos valores a qualquer tempo).
"A liquidez que a poupança, o Tesouro Direto e até das ações apresentam é um perigo para o aposentado, que pode passar a ser assediado por filhos, netos e amigos mal intencionados. Melhor que isso talvez seja trocar esta reserva pela garantia do recebimento mensal de um bom plano de previdência. Se for escolhida uma instituição sólida, os riscos serão pequenos perto das potenciais tentativas de 'extorsão' dos 'entes queridos'", afirma ele, que diz que há 20 anos lida com situações do tipo.
Para fazer os cálculos, o economista considerou uma rentabilidade líquida real, descontados impostos, taxas e a inflação, de 0,10% para a caderneta de poupança. Essa rentabilidade é semelhante, segundo ele, àquela obtida em um plano de previdência conservador (cuja carteira contém menos de 10% dos investimentos em ações).
Para aplicações no Tesouro Direto, foi considerada uma rentabilidade líquida real de 0,20% ao mês (também registrada por planos de previdência privada de risco moderado, com algo entre 10% e 20% de ações na carteira) e, para as ações, uma rentabilidade de 0,60% ao mês. Nesse caso, ele considerou uma previsão para ações de empresas de primeira linha, ou de planos de previdência de maior risco (até 49% de ações na carteira).
Fonte: Uol
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