Souto ou Geddel, quem será?
Aos trancos e barrancos, já esperados em se tratando da
personalidade de alguns dos atores envolvidos no processo, a articulação
da pré-campanha ao governo do petista Rui Costa acabou dando curso à
escolha do nome de seu companheiro de chapa na vaga de candidato a vice.
Trata-se do deputado federal João Leão, que, de última hora, assumiu,
no PP, o posto no lugar do colega Mário Negromonte, este sim o nome com
que o petista, há cerca de um mês, esperava disputar a sucessão do
governador Jaques Wagner, seu mentor político.
Ainda que restem dúvidas sobre os motivos que levaram à troca de
Negromonte por Leão e muitas especulações a cerca da operação – entre as
quais aparece uma suposta manobra interna na legenda executada por Leão
em seu favor, levando em conta a vantagem numérica de que dispõe na
executiva do PP -, fato é que as forças governistas se adiantaram no
processo de definição da chapa com que concorrerão às eleições, deixando
para trás, neste aspecto, as oposições, às voltas com a indefinição
entre o ex-governador Paulo Souto (DEM) e o peemedebista Geddel Vieira
Lima.
Uma tese corrente entre os petistas é de que, ao invés de correrem
para anunciar o nome escolhido para vice, deve-se deixar a divulgação
oficial do fato para até o final do mês, de forma a tirar a centralidade
que assumiu no período da pré-campanha, levando a suposições de que Rui
Costa e seus articuladores estariam envolvidos em dificuldades para
promover a escolha – não por falta de nomes, mas por excesso. Na
verdade, quem acabou colocando a boca no mundo e confirmando a escolha
de Leão foi o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT), presidente da
Assembleia Legislativa, e até então aliado de primeira hora do governo.
Nilo, como se sabe, disputou até o último momento o posto, até ser
vencido pelas evidências – que partiam de todos os campos do governo,
menos do governador Jaques Wagner, em quem depositou expectativas de
amizade profunda capazes de ajudá-lo – de que perdera a disputa, o que
transforma a frustração de seu projeto numa incógnita do que pode
acontecer a partir de agora tanto no grupo quanto na condução do
processo político na Assembleia Legislativa, da qual o governo
necessariamente precisará, inclusive, para concluir as arrumações com
vistas às eleições.
Confirmando a avaliação petista de que, do ponto de vista do público e
do eleitorado, a escolha do nome do vice é consideravelmente menos
importante do que, por exemplo, a existência e a exposição do nome do
cabeça de chapa, é natural que agora as expectativas se voltem para as
oposições. Afinal, quem, entre Souto e Geddel, será o nome que disputará
com Rui o projeto de comandar, a partir de janeiro de 2015, o Estado da
Bahia? Até quando deve o eleitorado desconhecer a alternativa que terá
ao projeto de continuidade governista, ampliado por informações que
pipocam aqui e ali de que hora Souto hora Geddel já foi escolhido?
Caberá ao prefeito ACM Neto (DEM), maior liderança atual das
oposições na Bahia, desatar o nó que retarda o processo de escolha, este
sim central no campo oposicionista. Ao jovem executivo público foi
delegada a tarefa de proceder a escolha, levando em conta critérios
objetivos que permitam um início de campanha efetivamente competitivo e
que encham o eleitorado e os agentes políticos responsáveis pela
reverberação da decisão de uma grande expectativa de poder, fator
essencial de mobilização política. Então, o que é que está faltando,
prefeito?
* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.
Raul Monteiro*
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